Theodoros Studita
Monge Bizantino (759-826)Theodoros Studita foi um monge bizantino e abade do Mosteiro de Estúdio, em Constantinopla. Theodoros teve um papel preponderante no renascimento, tanto do monasticismo bizantino quanto dos gêneros literários clássicos no Império. Além disso, ficou conhecido como um feroz adversário do Iconoclasma, um dos spanersos conflitos que o colocaram contra o imperador e o patriarca de Constantinopla.
Theodoros nasceu em Constantinopla em 759, em uma família que controlava uma parte significativa, senão toda, a administração financeira do império durante o reinado do imperador Constantino V Coprônimo. De acordo com a literatura hagiográfica posterior, Theodoros recebeu uma educação à altura do status de sua família e, dos sete anos em diante, ele foi instruído por um tutor particular, eventualmente se concentrando principalmente em teologia. Não é claro, porém, que estas oportunidades estariam disponíveis mesmo para as famílias mais ricas de Constantinopla no século VIII e, por isso, é provável que Theodoros seja, ao menos em parte, um auto-didata.
Depois da morte do imperador Leão IV, o Cazar, em 780, o tio de Theodoros, Platão, que vivia como um monge no Mosteiro de Símbola, na Bitínia, visitou Constantinopla e persuadiu a família toda a também tomar os votos monásticos. Theodoros, seu pai e seus irmãos viajaram para a Bitínia com Platão em 781, onde começaram a transformar a propriedade da família numa instituição religiosa, que se tornou conhecida como Mosteiro de Sacúdio. Platão se tornou o abade da nova instituição e Theodoros era seu "braço direito". Os dois modelaram as regras de acordo com a obra de Basílio de Cesareia. Em 794, Theodoros se tornou o abade de Sacúdio, quando seu tio se retirou da operação diária do mosteiro e se dedicou ao silêncio.
Também em 794, o imperador Constantino VI decidiu se separar de sua primeira esposa, Maria de Âmnia, para se casar com Teódota, uma das cubiculárias (dama de companhia) de Maria e prima de Theodoros. O casamento entre Constantino e Teódota foi celebrado, não pelo patriarca como seria de se esperar, mas por um tal José, um padre de Santa Sofia. Uma sequência de eventos se seguiu (a chamada "controvérsia moequiana"), na qual Theodoros iniciou um protesto contra o casamento a partir do Mosteiro de Sacúdio e parece ter exigido a excomunhão não apenas do padre José, mas também de todos que receberam a comunhão dele, algo que implicitamente levava à excomunhão do imperador e sua corte. Como resultado, tropas imperiais foram enviadas para Sacúdio e a comunidade foi dispersada. Theodoros foi açoitado e, juntamente com dez outros monges, banido para a Tessalônica. Em agosto do mesmo ano, Constantino VI foi derrubado e cegado, e sua mãe, a nova imperatriz Irene, reverteu o exílio.
Após a ascensão de Irene, o padre José foi expulso e Theodoros foi recebido no palácio imperial. Nesta época, Irene ofereceu a Theodoros a liderança do antigo Mosteiro de Estúdio em Constantinopla, que ele prontamente aceitou. Theodoros então iniciou um programa de construção de spanersas oficinas no mosteiro para garantir sua independência, construindo também uma biblioteca e um scriptorium, além de restaurar e redecorar a igreja. Ele compôs uma série de poemas sobre os deveres dos vários membros da comunidade, que provavelmente estavam inscritos e expostos por todo o mosteiro. A este período também podem ser atribuídos os epigramas iconófilos, acrósticos iâmbicos, compostos por Theodoros para substituírem os "epigramas iconoclastas" que estavam previamente expostos no Portão Chalke do Grande Palácio de Constantinopla.
Bem no início de seu reinado, Leão V enfrentou uma nova ofensiva búlgara que chegou até as muralhas de Constantinopla e arrasou com grande parte da Trácia. Como os trinta anos que se seguiram à aprovação da veneração aos ícones no Segundo Concílio de Niceia, em 787, foram para os bizantinos nada mais do que uma sequência de catástrofes militares, Leão resolveu então buscar inspiração nas políticas de maior sucesso da Dinastia isaura, e começou, em 814, a discutir com vários clérigos e senadores a possibilidade de reabilitar a política iconoclasta. Um novo patriarca, Teódoto I, foi selecionado e, em abril, um sínodo se reuniu em Santa Sofia, no qual a iconoclastia foi reintroduzida como um dogma. Theodoros escreveu uma série de cartas nas quais ele convocou "todos, de perto e de longe" a se revoltarem contra a decisão deste sínodo. Não demorou muito para que ele fosse exilado, por ordem do imperador.
Theodoros começou a escrever a sua própria polêmica contra os iconoclastas, a Refutatio, se concentrando particularmente em refutar os argumentos e em criticar os méritos literários dos novos epigramas iconoclastas colocados no Chalke por Leão V. Theodoros teve uma ampla influência durante o primeiro ano de seu exílio, primeiramente por causa de sua maciça campanha de correspondência. Por conta dela, ele foi transferido em 816 para Boneta, uma fortaleza no ainda mais remoto Tema Anatólico, de onde ele ainda assim conseguiu se manter a par dos acontecimentos na capital e manteve a sua correspondência normal. No início de 821, porém, Leão V foi horrivelmente assassinado no altar da Igreja de Santo Estevão, no palácio imperial. Theodoros foi libertado logo em seguida.
Os anos de exílio de Theodoros, o hábito de jejuar e seus esforços excepcionais acabaram por debilitar seu corpo e, em 826, ele ficou novamente muito doente. Neste ano, ele ditou seu Testamento, uma forma de guia espiritual para os futuros abades do Mosteiro de Estúdio, para o seu discípulo Naucrácio. Theodoros morreu em 11 de novembro do mesmo ano.
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