Pedro Damião
Monge Italiano (1007-1072)Pedro Damião foi um monge reformador do círculo do papa Leão IX e um cardeal que, em 1823, foi declarado Doutor da Igreja. Foi um grande reformador e moralizador da Igreja de seu tempo, autor de importantes escritos litúrgicos, teológicos e morais. Dante o colocou num dos mais altos círculos do Paraíso como um grande precursor de São Francisco de Assis.
Pedro nasceu em Ravena, na Itália, por volta de 1007. Orfão desde muito jovem, teve uma juventude difícil e cheia de provações, mas já demonstrava na época sinais de seu notável intelecto, a ponto de seu irmão, Damiani, o arcipreste de Ravena, garantir que ele fosse bem educado. Adicionando o nome do irmão ao seu, Pedro avançou tão rapidamente em seus estudos sobre teologia e direito canônico, primeiro em Ravena, depois em Faenza e, finalmente, em Parma, que, aos vinte e cinco anos, já era um famoso professor em Parma e Ravena.
Por volta de 1035, porém, Pedro abandonou seus estudos seculares e, para evitar o luxo dos mosteiros cluníacos, entrou para o isolado eremitério de Fonte Avellana, perto de Gubbio. Tanto como noviço quanto como monge, seu fervor era notável, mas levava-o por vezes a tais extremos de auto-mortificação durante suas penitências que a sua saúde acabou afetada. Quando se recuperou, foi nomeado para ensinar os companheiros e, depois, a pedido de Guido d'Arezzo e outros abades vizinhos, ensinou também por uns dois ou três anos em mosteiros.
Por volta de 1042, Pedro escreveu uma hagiografia de São Romualdo para os monges de Pietrapertosa. Logo depois de retornar a Fonte Avellana, foi nomeado economus ("gerente") do mosteiro pelo prior, que também o apontou como seu sucessor. Em 1043, Pedro Damião tornou-se prior de Fonte Avellana e permaneceu no posto até morrer, em fevereiro de 1072.
Um dedicado defensor de reformas tanto no clero quanto nas comunidades monásticas, Pedro introduziu uma disciplina mais severa, incluindo a prática da flagelação em sua casa que, sob seu comando, rapidamente tornou-se famosa e modelo para outras, até mesmo para a grande abadia de Monte Cassino: eremitérios filiais foram fundados em San Severino, Gamogna, Acerreta, Murciana, San Salvatore, Sitria e Ocri. Contudo, fora de seu círculo mais imediato, Pedro teve que enfrentar muita oposição às suas formas extremas de penitência, mas a insistência do monge garantiu a aceitação de seus métodos, a ponto de ele ser obrigado no futuro a moderar o zelo demasiado de alguns de seus próprios eremitas.
Apesar de viver no retiro de um claustro, Pedro Damião acompanhava atentamente a Igreja e, como seu amigo Hildebrando, o futuro papa Gregório VII, lutou para implantar suas reformas numa época de grande decadência da vida religiosa. Quando Bento IX renunciou ao seu pontificado em nome do arcipreste João Graciano (Gregório VI) em 1045, Pedro comemorou a mudança e escreveu para o novo papa urgindo-o a enfrentar os escândalos que atormentavam a igreja italiana, apontando nominalmente os corruptos bispos de Pesaro, de Città di Castello e de Fano. Expandindo ainda mais suas atividades, Pedro passou a se comunicar com o imperador Henrique III. Ele estava presente em Roma quando Clemente II coroou Henrique e sua consorte, Inês, e também compareceu a um sínodo realizado no Palácio Laterano nos primeiros dias de 1047 que emitiu decretos contra a simonia.
Depois disto, Pedro Damião retornou ao seu eremitério. Por volta de 1050, durante o pontificado de Leão IX, escreveu um contundente tratado chamado Livro de Gomorra sobre os vícios do clero, incluindo o abuso sexual de menores e os esforços da hierarquia eclesiástica para escondê-los. Foi endereçada abertamente ao papa. Enquanto isso, a Igreja passou a discutir calorosamente a validade das ordenações realizadas pelo clero simoníaco (ou seja, por pessoas que compraram seus cargos). Damião escreveu, por volta de 1053, um tratado chamado Liber Gratissimus defendendo sua validade, uma obra que, apesar de muito combatida na época, foi muito importante para definir a questão a favor dos padres ordenados no final do século XII. Numa repetição da argumentação contra a heresia donatista, defendeu que a graça não dependia da perfeição do veículo que a concede (o sacerdote).
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