Michael Psellos
Historiador Bizantino (1018-1078)Michael Psellos foi um humanista, político, filósofo neoplatônico, poeta, orador e historiador bizantino do século XI. Ocupou os mais altos cargos do governo imperial durante trinta e seis anos, sob sete imperadores de três dinastias diferentes. Autêntico polígrafo, escreveu sobre teologia, direito, filologia, arqueologia, história, alquimia, matemáticas e medicina. Foi não somente o espírito mais cultivado e a mente mais lúcida da sua época, mas também um autêntico artista. A sua Cronografia é o mais importante livro de memórias de toda a Idade Média.
Constantino era o seu nome originário; "Michael", como é conhecido na tradição posterior, era o seu nome monástico. Nasceu no seio de uma modesta família de Constantinopla. Tinha um defeito físico (provavelmente era belfo) que lhe deu o apelido de "Psellos", adjetivo aplicado aos que têm uma trava ou um defeito na fala (mas não disfemia). Quando Psellos concluiu a educação básica, aos oito anos de idade, a sua família pensou em lhe procurar um ofício, mas a insistência da sua mãe, convencida das extraordinárias qualidades do seu filho, pôde persuadi-los para que continuassem pagando a sua formação. A decisão da mãe viu-se recompensada, e Psellos, com apenas dez anos, sabia recitar de memória a Ilíada e comentar as suas figuras e os seus tropos, demonstrando um talento excepcional.
Apesar das suas qualidades, aos 16 anos a economia familiar não pôde custear mais a sua formação, e Psellos começou a trabalhar como secretário de um juiz provincial, provavelmente na Trácia e Macedônia. Quando faleceu sua irmã, seus pais retiraram-se para um mosteiro. Psellos regressou a Constantinopla, onde iniciou estudos superiores de retórica e filosofia com João Mauropo, um dos intelectuais mais importantes do seu tempo. Durante os anos seguintes Psellos veria promovida a sua carreira administrativa como juiz (governador provincial), provavelmente pelo apoio do seu amigo Constantino Licuda, que entrou no Senado e assumiu postos de poder.
Em 1041 entrou na corte como secretário imperial (hipogramateu) de Miguel V, o Calafate, e por volta de 1042 contraiu matrimônio com uma mulher de boa família. Ao ascender ao trono imperial, Constantino IX Monômaco, Psellos tornou-se secretário de Estado e grande chanceler. Tinha nesse momento uns vinte e cinco anos, e ao mesmo tempo ensinava retórica e filosofia na Academia de Constantinopla. Monômaco foi retirando gradativamente o seu favor aos eruditos do ambiente de Psellos, que tiveram de tomar finalmente o hábito monástico para evitar serem perseguidos. O próprio Psellos tonsurou-se como monge repentinamente em finais de 1054, adotando o nome monástico de Michael.
A experiência do retiro monástico resultou muito decepcionante para Psellos, sobretudo pela ignorância e inatividade dos seus companheiros, aos que chamou depois "gentes grosseiras e incultas, verdadeiros citas". Grande admirador de Platão e, em especial, do neoplatonismo, esforçou-se por apresentar esta corrente filosófica alheia do paganismo, como um esforço imperfeito que alcançou com o Cristianismo a sua perfeita coroação. Por isso adotou o alegorismo como o melhor método de exegese para estudar, analisar e comentar os clássicos gregos como antes fora analisada a Bíblia. Dessa forma chegou a ver nos autores gregos uma espécie de profetas do Cristianismo e até mesmo encontrou em Homero nada menos que o mistério da Santíssima Trindade.
A filosofia de Platão era para ele a máxima realização do espírito humano e o filósofo grego torna-se para ele um verdadeiro precursor do cristianismo, pela sua defesa da imortalidade da alma, a sua ideia da justiça e a sua afirmação de que é possível elevar-se para além dos limites da razão até a contemplação do Um. Aristóteles, se bem que merece também o reconhecimento de Psellos, é criticado por abordar os temas teológicos somente com a razão, sem reconhecer que às coisas spaninas se chega com a inteligência, que está para além da razão e dos seus silogismos. De Aristóteles, admirava especialmente a sua ciência, e sobretudo a sua lógica, que considera como uma preparação para assimilar a metafísica de Platão.
São desconhecidas as circunstâncias nas quais faleceu Psellos, mas é conhecida a penúria na qual vivia no final da vida, até o ponto de Teofilato de Ócrida, um dos discípulos de Psellos, e o seu neto, filho de Eufemia, ter pedido ajuda para ele.
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