Clássicos Literários Lista completa dos clássicos da literatura publicados em português.

Marco Aurélio

Imperador Romano (121-180)

Marco Aurélio Antonio Augusto foi um imperador e filósofo romano. Seu reinado foi marcado por guerras na parte oriental do império contra os partas, e na fronteira norte, contra os germanos. Foi o último dos cinco bons imperadores, e é lembrado como um governante bem-sucedido e culto; dedicou-se à filosofia, especialmente à corrente filosófica do estoicismo, e escreveu uma obra que até hoje é lida, Meditações.

Marco nasceu em Roma em abril de 121. Após a morte de seu pai, passou a ser criado por seu avô Marco Ânio Vero, que o adotou. Depois de adulto, Marco agradeceu ao avô por ensinar-lhe "bom caráter e evitar o mau humor". Desde jovem demonstrou entusiasmo pela luta livre, treinando até a adolescência e aprendendo a lutar com armadura. Também liderou um grupo de dança chamado Colégio dos Sálios, realizando danças rituais dedicadas a Marte, o deus da guerra, enquanto vestiam uma armadura, carregando escudos e armas. Estudou letras latinas e gregas, direito, retórica, filosofia e pintura. Foi educado em casa, de acordo com as tendências aristocráticas da época, e agradeceu Catílio Severo por encorajá-lo a evitar escolas públicas. Um de seus professores, Diogneto, mestre de pintura, provou ser particularmente influente; parece ter apresentado a Marco Aurélio o estilo de vida filosófico.

Segundo a História Augusta, também o ensinaram Alexandre, o Platônico, através de quem veio a conhecer a obra de Platão; Apolônio, que o introduziu no estoicismo e de quem absorveu princípios de moral e ética; Rústico, que o apresentou à filosofia de Epicteto; Cláudio Máximo, que lhe mostrou as qualidades do verdadeiro homem de bem; e Sexto Empírico, que lhe evidenciou as virtudes da benevolência e da modéstia e enfatizou o modelo patriarcal de família.

Em algum momento em 138, Adriano solicitou ao Senado que Marco Aurélio fosse isento da lei que o proibia de se tornar questor antes de seu vigésimo quarto aniversário. O Senado concordou, e Marco serviu sob Antonino, o cônsul de 139. Após a morte de Adriano a sucessão de Antonino foi pacífica: manteve os indicados de Adriano no cargo e apaziguou o Senado. Como questor, Marco teria pouco trabalho administrativo real para fazer; leria cartas imperiais ao Senado quando Antonino estivesse ausente e faria trabalho de secretariado para os senadores, além de fazer discursos treinando sua oratória. Em janeiro de 145 foi nomeado cônsul pela segunda vez e em abril casou-se com Faustina. Em 146 recebeu poder tribunício e o imperium proconsular, tornando-se na prática co-imperador com Antonino e participando das decisões e atos do governo.

À medida que Antonino envelhecia, Marco assumia mais funções administrativas, ainda mais quando se tornou prefeito pretoriano em 156. Em 160, Marco e Lúcio foram designados cônsules conjuntos para o ano seguinte. Antonino Pio havia designado Marco como herdeiro e sucessor em fevereiro de 138, juntamente com Lúcio Vero. Quando Antonino faleceu, em 161, Marco Aurélio subiu ao trono em conjunto com Vero, na condição de serem ambos co-imperadores, ressalvando, no entanto, que a sua posição seria superior à de Vero. Marco Aurélio na prática governaria sozinho.

Marco Aurélio passava a maior parte de seu tempo tratando de questões jurídicas. Ele teve muito cuidado na teoria e na prática da legislação. Desenvolveu intensa atividade legislativa, esclarecendo pontos obscuros da lei e amenizando rigores excessivos. Entendia a jurisdição e a legislação como um assunto político de máxima importância. Foi o primeiro imperador a definir a competência senatorial e a esclarecer a jurisdição consular, e o primeiro a redigir as leis sobre os gladiadores, preocupando-se em diminuir a violência dos jogos e salvaguardar a vida dos combatentes. Fez muito para melhorar a condição dos escravos, dos órfãos, menores e das viúvas. Reconheceu o parentesco de sangue nas questões de herança. Apesar das inovações que introduziu, seu trabalho foi mais no sentido de aperfeiçoar o que já existia antes do que criar padrões radicalmente novos.

Provavelmente durante as campanhas de 171-175, Marco Aurélio escreveu suas Meditações como exercícios filosóficos para sua própria orientação e autoaperfeiçoamento. Escritas em grego, refletem o processo de fusão das culturas romana e grega que estava em curso. Seu conteúdo é representativo da filosofia e espiritualidade estoica, em particular da orientação de Epicteto, mas não se limita estritamente a esta corrente, incorporando alguns elementos do platonismo e do epicurismo, além de aparecerem citações de Antístenes, Crísipo, Demócrito, Eurípides e Homero. Seguindo Epicteto, Marco afirma que todas as atribuições do bem ou do mal são produto de julgamentos humanos. Como disse Epicteto, o que perturba as pessoas não são as coisas em si, mas sim seus julgamentos sobre elas. A tarefa do filósofo seria então submeter as impressões a um exame rigoroso, certificando-se de não tomar como verdadeiras as impressões que incluam quaisquer julgamentos de valor injustificados.

O imperador morreu aos 58 anos em março de 180, de causas desconhecidas, em seus aposentos militares perto da cidade de Sirmium, na Panônia, durante uma expedição contra os marcomanos. Foi deificado pelo Senado e suas cinzas foram devolvidas a Roma, onde descansaram no mausoléu de Adriano até o saque visigodo de 410.

Mais Informações: Wikipédia Italiana

Obras de Marco Aurélio

Edições em Português

Meditações