Hesíodo
Poeta Grego (Século VII a.C.)Hesíodo foi um poeta grego da Antiguidade, sua poesia é a primeira feita na Europa na qual o poeta vê a si mesmo como um tópico, um inspaníduo com um papel distinto a desempenhar. Autores antigos creditavam a ele e a Homero a instituição dos costumes religiosos gregos, e os acadêmicos modernos referem-se a ele como uma das principais fontes para a religião grega, as técnicas agriculturais, o pensamento econômico, a astronomia grega arcaica e o estudo do tempo.
A narrativa épica não permitia a poetas como Homero qualquer oportunidade para revelações pessoais, porém a obra existente de Hesíodo abrange também poemas didáticos, e nestas o autor desviou-se de sua trajetória para compartilhar com o público alguns detalhes de sua vida, incluindo três referências explícias, em Os Trabalhos e os Dias, além de algumas passagens da Teogonia, que permitem que algumas inferências sejam feitas. No primeiro, o leitor fica sabendo que o pai de Hesíodo era originário de Cime, na Eólia, litoral da Ásia Menor, ao sul da ilha de Lesbos, e atravessou o mar para fixar-se num vilarejo, nas proximidades de Téspias, na Beócia, chamada Ascra. O patrimônio de Hesíodo no local, um pequeno pedaço de terra no sopé do Monte Hélicon, foi responsável por processos judiciais com seu irmão, Perses, que parece ter inicialmente se apossado indevidamente da parte devida a Hesíodo graças a autoridades corruptas, porém mais tarde acabou ficando pobre e sobrevivendo às custas do poeta, mais precavido.
Apesar das reclamações de Hesíodo a respeito de sua pobreza, a vida na fazenda de seu pai não pode ter sido excessivamente desconfortável, a julgar pela sua obra Os Trabalhos e os Dias, já que ele descreve as rotinas de proprietários de terra prósperos, e não de camponeses. Sua fazenda emprega um amigo, servos, um arador enérgico e responsável já de idade avançada, um escravo jovem para cobrir as sementes, uma criada para cuidar da casa e grupos de bois e mulas.
É provável que Hesíodo tenha escrito seus poemas, ou os ditado, e não apresentado-os oralmente, como faziam os rapsodos - do contrário o estilo acentuadamente pessoal que emerge de seus poemas teria seguramente sido diluído através da transmissão oral de um rapsodo a outro. Se ele de fato escreveu ou ditou suas obras, provavelmente o fez para ajudar a memorizá-los, ou porque ele não tinha confiança na sua capacidade de produzir poemas de improviso, como costumavam fazer os rapsodos com mais treinamento. Certamente não foi visando qualquer tipo de fama ou posteridade, já que os poetas de seu tempo não conheciam esta noção. Alguns estudiosos suspeitam, no entanto, a presença de alterações em grande escala no texto, e a atribuem a transmissão oral.
Seu estilo foi descrito como "argumentativo, desconfiado, ironicamente bem-humorado, frugal, apreciador de provérbios, temeroso quanto às mulheres". Assemelha-se a Sólon em sua preocupação com a questão do bem contra o mal, e "como um deus justo e onipotente pode permitir que o injusto floresça nesta vida." Lembra Aristófanes em sua rejeição do herói idealizado da literatura épica, preferindo em seu lugar uma visão idealizada do fazendeiro. No entanto, o fato de que ele podia fazer elogios a reis na Teogonia e ao mesmo tempo denunciá-los como corruptos em Os Trabalhos e os Dias sugere que ele tinha a capacidade de escrever de acordo com o público que ele visava atingir.
A poesia grega antiga em geral tinha fortes tendências filosóficas e Hesíodo, como Homero, demonstra um profundo interesse em uma ampla gama de questões "filosóficas", desde a natureza da justiça spanina até os primórdios da sociedade humana. Aristóteles acreditava que a questão das primeiras causas pode até mesmo ter começado com Hesíodo e Homero. Hesíodo via o mundo de fora do círculo encantado de governantes aristocráticos, protestando contra suas injustiças em um tom de voz que foi descrito como tendo uma "personalidade rabugenta", mas, como afirmado, ele também pode mudar para se adequar ao público. Esta ambivalência parece estar subjacente à sua apresentação da história humana em Os Trabalhos e os Dias, onde ele descreve um período dourado quando a vida era fácil e boa, seguido por um declínio constante no comportamento e na felicidade através da Prata, Bronze e Idade do Ferro. Ele parece, neste caso, atender a duas visões de mundo diferentes, uma épica e aristocrática, e outra antipática às tradições heróicas da aristocracia.
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