Gregório Magno
Papa Latino (540-604)Gregório Magno foi papa entre 590 e sua morte, em 604. É conhecido principalmente por suas obras, mais numerosas que as de seus predecessores. Gregório é reconhecido como Doutor da Igreja, e é venerado como santo por católicos, ortodoxos, anglicanos e alguns luteranos. Foi canonizado assim que morreu, por aclamação popular, como era o costume. Durante seu papado, ele superou grandemente, com sua administração, os imperadores na melhoria do bem-estar do povo de Roma. Gregório recuperou a autoridade papal na Espanha e França, e enviou missionários para a Inglaterra. Viu francos, lombardos e visigodos se alinharem com Roma na religião.
Gregório nasceu em Roma, em torno de 540, numa rica família patrícia romana que tinha relações muito estreitas com a Igreja. O trisavô de Gregório também havia sido papa, com o nome de Félix III. Como a maioria dos jovens de status similar na sociedade romana, Gregório recebeu uma excelente educação, aprendendo gramática, retórica, as ciências clássicas, literatura e direito, destacando-se em todas. Gregório conseguia escrever o latim corretamente, mas não sabia ler e nem escrever o grego. Conhecia além disso as obras dos principais autores latinos, história, matemática e música, e tinha tamanha fluência no direito imperial que é possível que sua educação servisse como preparação para uma carreira no serviço público. E, de fato, Gregório logo tornou-se um funcionário do governo e ascendeu rapidamente na hierarquia, tornando-se, como o pai, prefeito urbano de Roma, o mais alto posto civil na cidade, com apenas 33 anos de idade.
Quando seu pai morreu, Gregório converteu a vila da família num mosteiro dedicado a Santo André. Gregório nutria um profundo respeito pela vida monástica e entendia o monge como estando numa "busca ardente pela visão de nosso Criador". Em 579, Pelágio II escolheu Gregório como seu apocrisiário (embaixador papal na corte imperial em Constantinopla), posto que ocuparia até 586. Gregório passou então a criar laços com a elite bizantina da cidade e tornou-se extremamente popular na classe mais alta, especialmente entre as mulheres da aristocracia.
Gregório deixou Constantinopla e voltou para Roma em 585 para viver em seu mosteiro no Monte Célio. Em 590, foi eleito por aclamação para suceder a Pelágio II, que morrera em mais uma epidemia de peste que assolava a cidade. Aprovado por um iussio imperial de Constantinopla em setembro, ascendeu ao trono papal no mesmo ano.
Apesar de decidido a passar o resto da vida em contemplação num mosteiro, Gregório acabou sendo forçado a retornar para o cenário político, algo que, embora amasse, não mais desejava fazer. Em textos de todos os tipos, especialmente os escritos durante seu primeiro ano como papa, reclamou do peso do cargo e lamentou a perda da vida de oração, sem perturbações, que tinha como monge. Credita-se a Gregório a re-emergência da obra missionária da Igreja entre os povos pagãos do norte da Europa. Uma das mais famosas, chamada geralmente de "Missão Gregoriana", foi liderada por Agostinho de Cantuária, o prior do Mosteiro de Santo André, e tinha por objetivo evangelizar os anglo-saxões das ilhas britânicas. A missão teve grande sucesso e foi de lá que missionários depois partiram para cristianizar os territórios modernos dos Países Baixos e da Alemanha.
Quando Gregório tornou-se papa em 590, a Itália romana encontrava-se em ruínas. Os lombardos já controlavam a maior parte da península e seus constantes ataques praticamente paralisaram a economia. Naquele momento, eles estavam acampados à frente dos portões de Roma e a cidade estava lotada com refugiados de todos os tipos, vivendo nas ruas sem nenhuma condição de saúde ou alimentação. A sede do governo, Constantinopla, estava muito distante e parecia incapaz de aliviar o sofrimento da população local. spanersos papas enviaram emissários pedindo ajuda, inclusive Gregório, mas sem resultado.
Logo Gregório passou a substituir administradores que não queriam cooperar e a contratar mais, para cumprir o plano que tinha em mente. A igreja possuía, na época, entre 3.400 e 4.700 km2 de terras agricultáveis, gerando receitas spanididas em grandes blocos chamados "patrimonia". Elas produziam todo tipo de bens para serem vendidos, mas Gregório interveio e ordenou que eles fossem todos enviados para Roma para serem distribuídos às diaconias. Ordenou também que a produção fosse aumentada, estabelecendo metas e criando uma estrutura administrativa para garantir que seriam cumpridas. Cereais, vinho, queijo, carne, peixe e azeite começaram a chegar a Roma em grandes quantidades e tudo era doado na forma de esmolas. Contava-se que o próprio Gregório só jantava depois de assegurar que todos os indigentes haviam sido alimentados. E, ainda assim, spanidia a mesa de sua família com doze indigentes convidados.
Por conta disto tudo, Gregório conquistou completamente as mentes e corações dos romanos, que agora viam no papado uma forma de governo, e passaram a ignorar a arrogância de Constantinopla, que tinha apenas desrespeito a oferecer a Gregório, chamando-o de tolo por seus contatos pacíficos com os lombardos. O cargo de prefeito urbano de Roma ficou por muito tempo sem candidatos e, da época de Gregório até a ascensão do nacionalismo italiano, o papado permaneceu como o poder mais influente na Itália.
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